/////

A Agência Aquaviária do Brasil teria na memória os ocorridos em anos recentes com Hidrovia Tietê Paraná quando promete perenidade para a hidrovia do Pantanal? 512r49

3 minutos de leitura

Em Audiência Pública sobre a concessão da Hidrovia Paraná-Paraguai para grupos privados, realizada pela ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) no dia 06/10/02, em Brasília, a ideia central vendida pelos membros da Agência foi a da “perenidade” da hidrovia – funcionaria 24 horas por dia, nos 365 dias do ano, conquista que viria a partir das intervenções, como dragagens e retirada de rochas. 6r3839

Tecnicamente, o evento mostrou fragilidades para o oferecimento de garantia da perenidade prometida, pois sequer avaliou as consequências de eventos extremos, como as secas extremas dos últimos anos na bacia do rio Paraguai, para a conquista da navegação constante. Deveriam remeter-se, inclusive, a ocorrências hídricas em outras bacias, como a do rio Paraná, em anos recentes, as quais paralisaram o transporte hidroviário por largos períodos na estruturada hidrovia Tietê-Paraná.

A Hidrovia Tietê-Paraná tem 2,4 mil quilômetros, dos quais 1,6 mil no rio Paraná e outros 800 no rio Tietê. Em 2013, ela transportava cerca de 6 milhões de toneladas/ano, quando se iniciou uma crise hídrica que a paralisou por dois anos. Foi reaberta no dia 27 de janeiro de 2016.

Os prejuízos durante o período foram de pelo menos R$ 1,8 bilhão (valor corrigido) para as empresas de navegação. Cerca de 1.600 pessoas perderam o emprego.

Em 2021, outra seca assolou a bacia do Paraná, levando à nova paralisação da hidrovia por mais 8 meses, entre 2021 e 2022 – voltou a funcionar no dia 15/3/22. A paralisação causou a demissão de 80% dos trabalhadores do porto de Pederneiras (SP). O prejuízo calculado para o setor foi de R$ 3 bilhões (valores da época), de acordo com o sindicato das empresas transportadoras.

Com base nas duas ocorrências na hidrovia Tietê-Paraná e nas secas dos últimos anos na bacia do rio Paraguai, também com paralisações no transporte, não deveria a ANTAQ repensar seu desenho de concessão, não prometendo a perenidade?

A solução não seria a aposta na reconstrução da ferrovia Corumbá-Três Lagoas, indicada como uma prioridade pelo governo de Mato Grosso do Sul recentemente?

Acrescente-se que várias são as indicações de que os eventos climáticos e hídricos extremos vieram para ficar. Mesmo chuvas pesadas e represas rapidamente cheias não trazem tranquilidade quanto ao abastecimento hídrico. Como a maior parte do território da bacia está desmatado, a água escorre rapidamente, não sendo retida para infiltrar no solo e abastecer os lençóis subterrâneos. Esta água subterrânea abastece, ao longo do tempo, os cursos d’água, mas, se não é renovada adequadamente, as crises hídricas se tornam mais agudas.

Alcides Faria 1n1b4k

Deixe uma resposta Cancelar resposta 3d3fb

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog 183d1f

Rios do Pantanal: Bacia hidrográfica do Rio Sepotuba o4i6

Texto originalmente publicado em 5 de outubro de 2020 Localização: A bacia hidrográfica do Rio Sepotuba abrange

A Hidrovia Paraná-Paraguai: atualizações 3u47x

Empresa da Argentina entrou em campo repentinamente, contratada por organização do “corredor Centro-Norte”. Artigos ‘estranhos’ sobre

A Justiça Federal de Corumbá determinou o bloqueio de mais de R$ 212 milhões de fazendeiros acusados de causar danos ambientais ao Pantanal 1n5o6r

A Justiça Federal de Corumbá determinou o bloqueio de mais de R$ 212.479.188,44 em bens de

Rios do Pantanal: Bacia Hidrográfica do rio Cabaçal 654c43

Texto originalmente publicado em 2 de outubro de 2020 Localização: A bacia hidrográfica do rio Cabaçal está

Mel produzido pelas abelhas pode servir como um “marcador” da poluição 3c3d2

Via Jornal da USP Por Isabella Lopes O mel é uma substância produzida pelas abelhas a